NOVO AEROPORTO DE PORTO ALEGRE
Valery Pugatch
Com o recente anúncio da inconveniência técnica de ampliação
da pista do Aeroporto Salgado Filho, em
Porto Alegre, abre-se a necessidade de
criação de um novo aeroporto para a região metropolitana. A inconveniência técnica, segundo se relata, ocorre em razão da inconsistência do solo de
fundação existente no local da porção extra de pista a ser construída.
Como opção primeira é dada a implantação de um novo aeroporto
na região metropolitana em área situada nos
municípios de Nova Santa Rita e Portão, a aproximadamente trinta quilômetros a noroeste da capital
gaúcha.
Já tivemos exemplos dessa necessidade de criação de novos
aeroportos em outras capitais do país,
que nos mostram como a questão foi solucionada. No Rio de Janeiro e em São Paulo, nossos dois maiores centros, a opção foi a transformação de Bases da
Aeronáutica então existentes em modernos aeroportos internacionais.
No Rio de Janeiro a Base Aérea do Galeão sofreu um
“upload”, transformando-se no Aeroporto
Internacional Tom Jobim, ou Aeroporto do
Galeão. Em São Paulo, igualmente a Base Aérea de Cumbica foi
transformada no Aeroporto Internacional de Guarulhos, ou Aeroporto de Cumbica.
Temos em nosso Estado instalada a Base Aérea de Canoas, no coração da região metropolitana, em local que já funcionara o antigo Aeroporto
de Gravataí. A Base Aérea de
Canoas, funcionando desde 1944, ocupa uma área relativamente extensa, encravada na zona urbana dos municípios de
Canoas e Cachoeirinha.
O deslocamento da Base Aérea de Canoas para outra região no
Estado abriria a possibilidade de
instalação do novo aeroporto em uma área onde não há necessidade de
desapropriações, e que já tem a
população interagida com a presença da aviação.
De outra parte, um
aeroporto naquele local atenderá a toda
a região metropolitana, pois situa-se no centro geográfico dessa imensa
massa populacional e econômica, ficando
muito próximo da capital, a apenas
alguns quilômetros do aeroporto Salgado Filho.
O comprimento da pista da atual base aérea poderá atender de
forma plena os requisitos necessários para a operação de aeronaves comerciais
de grande porte que não conseguem operar no
aeroporto Salgado Filho, podendo inclusive ter seu comprimento ampliado
. Ainda com a vantagem de que o tamanho
avantajado da área da base aérea permitirá a criação de uma segunda pista, ou até mesmo uma terceira pista, como acontece nos principais aeroportos do
mundo, que contam com pistas
transversais, paralelas, auxiliares.
A ida da Base Aérea para outra região do Estado
provocará, sem dúvida, a criação de novos postos de trabalho nessa
nova área, e por consequência, maior
desenvolvimento, tão necessário e esperado para a região escolhida. Temos
já em operação a Base Aérea de Santa Maria,
que poderá ser ampliada e reforçada em sua atuação. Temos também na região oeste do Estado, no município de Rosário do Sul, uma extensa área denominada “Saicã” onde o
Exército Brasileiro realiza suas manobras de treinamento. Essa região de Rosário do Sul certamente se
beneficiaria fortemente com a implantação de uma base aérea em seu
território. A economia da região
baseia-se no agropastoril, com criação
de gado e lavouras de produção de arroz,
que não seriam prejudicadas. Pelo
contrário, sua existência garantirá a
necessária baixa densidade populacional para a implantação, sem contar que lá também não serão
necessárias desapropriações para a criação de uma nova Base Aérea.
As duas regiões, Santa
Maria e Rosário do Sul, situam-se mais
próximas das fronteiras com o Uruguai e com a Argentina do que o atual local, o que é estrategicamente favorável.
Existe ainda uma terceira opção, também favorável, que é o Aeroporto de Pelotas. Esse aeroporto constitui-se geograficamente
no último campo de aviação do país,
antes de chegar-se aos países do Prata.
Essa condição certamente confere ao aeroporto de Pelotas um status de
primeira linha na estratégia militar de defesa do território nacional. Verificar-se-ia, portanto,
ganhos à segurança nacional com o deslocamento da base aérea para aquela
região do Estado.
A
área do Novo Aeroporto em Canoas está situada numa posição privilegiada em
relação à Região Metropolitana. Está
localizada ao lado da Free Way, da BR 116,
e da futura Rodovia do Parque. E
com acessibilidade direta de todas as regiões do Estado, sem contar com a construção da nova ponte do
Guaíba, que dará acesso imediato ao
local, oriundo da Metade Sul do Estado. Haveria necessidade de poucas obras de acesso,
apenas as necessárias para tomar-se as rodovias próximas. O Governo do Estado já tem projeto pronto de uma
nova rodovia, a RS 010, que passará ao lado da atual base, e que poderá tornar-se o acesso principal do
novo Aeroporto Internacional da Região de Porto Alegre.
O Aeroporto Salgado Filho poderá seguir com suas operações
após a implantação do novo, voltado para
a aviação regional ou mesmo como alternativa ao novo aeroporto, como verificou-se também com os já citados
Aeroportos de São Paulo e Rio de Janeiro,
onde tanto o Aeroporto de Congonhas como o Aeroporto Santos Dumont
cumprem até hoje suas importantes funções paralelas.
Nos parece que uma ação direta do Governo Federal será
necessária para tocar esse projeto, que
envolve além dos Ministérios da Aeronáutica e do Exército, outros Ministérios
ligados à Infraestrutura do País e o Governo do Estado do Rio Grande do Sul.